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Entrevista a Alina Esteves, coordenadora em Portugal do European Web Site on Integration

Entrevista a Alina Esteves, coordenadora em Portugal do European Web Site on Integration

Alina Esteves é geógrafa, investigadora do Centro de Estudos Geográficos, onde integra o MIGRARE, e docente do IGOT-ULisboa, sendo cocoordenadora do Mestrado em Geografia Humana: Globalização, Sociedade e Território.

Atualmente, é a country coordinator para Portugal do portal de divulgação de informação sobre migrações, patrocinado pela Comissão Europeia, European Web Site on Integration.

P1. Enquanto coordenadora em Portugal do European Website on Integration (EWSI) da Comissão Europeia, pode falar um pouco do objetivo do EWSI?

O EWSI é um portal patrocinado pela Comissão Europeia, através da DG Assuntos Internos e Migrações, com o objetivo de divulgar notícias, eventos, boas-práticas e publicações sobre a integração de cidadãos nacionais de países terceiro nos estados-membros da União Europeia. Pode ser consultado por qualquer pessoa ou entidade, mas o público-alvo é em grande medida os decisores políticos e as pessoas e entidades que trabalham diretamente com imigrantes e refugiados provenientes de países extracomunitários. A informação está disponível em inglês, francês e alemão.

P2.  Pode explicar a importância relevância deste projeto em termos de impacto social e para a aplicação de políticas públicas?

Sendo um portal que reúne e divulga informação sobre a integração de nacionais de países terceiros nos países da UE, recolhida por uma equipa nacional de cada estado-membro, o EWSI constitui uma fonte de informação para obter conhecimento sobre políticas, medidas, ações, eventos ou projetos relevantes, e assim, influenciar não só a opinião pública, mas também quem toma decisões políticas nesta área. É igualmente útil para cidadãos de países terceiros que procuram obter informação sobre as medidas de integração que existem a nível local, regional e nacional nos vários países da UE. Os atuais acontecimentos na Ucrânia têm conduzido a um aumento da consulta do portal por cidadãos ucranianos que procuram informações sobre os procedimentos a seguir para solicitarem proteção.

P3. Pode contar-nos um pouco sobre a sua trajetória pessoal e o que a levou a escolher a Geografia e Planeamento como área de estudo e profissão?

Foi no 9.º ano que descobri o meu gosto pela Geografia e no 10.º ano optei por uma área que, para além de Economia, tinha uma grande componente de Geografia Humana, cartografia e estatística. Quando escolhi a licenciatura em Geografia, senti que estava bem preparada e que realmente era uma área de trabalho que me despertava muito interesse e curiosidade. A opção pela variante de Planeamento Regional e Local, dentro da Geografia Humana, fez-me sentir realizada ao pensar que poderia trabalhar na “organização” do território, contribuindo para uma repartição mais equitativa dos recursos pelo espaço e pelos cidadãos.

P4. O que diria a um/a jovem que está a considerar seguir a área da Geografia ou Planeamento e Gestão do Território no ensino superior?

Para seguir qualquer área científica deve-se gostar dos temas que ela trata. Neste caso, é importante nutrir gosto, curiosidade, interesse pelo território e pela distribuição espacial dos recursos, quer naturais, quer humanos. Gostar de compreender as razões da diversidade do globo terrestre e procurar melhorar a vida das pessoas através de decisões de planeamento tecnicamente bem fundamentadas são características importantes num geógrafo. Além disso, apostar numa sólida formação ao nível da licenciatura e do mestrado é fundamental para ter um bom desempenho no mercado de trabalho, quer no ensino, quer no planeamento.

P5. Na sua opinião, qual a contribuição da Geografia e do Ordenamento do Território para a compreensão do mundo atual?

A Geografia consegue ter uma visão holística dos fenómenos naturais e humanos que ocorrem à superfície do planeta. Assim, contribui para a compreensão do mundo atual recorrendo a uma visão abrangente e integradora do que se passa, nos mais diversos planos – das catástrofes naturais, às alterações do clima, das migrações ao desenvolvimento regional, passando por atividades como o comércio e o turismo. Através do estudo dos padrões de ocorrência dos fenómenos e da modelização, os geógrafos podem dar um contributo valioso para a redução das desigualdades a várias escalas.